domingo, 29 de novembro de 2009

HeadMouse - Tecnologia permite pessoas com tetraplegia acessarem o computador

Tela de configuração do programa HeadMouse
Uma tecnologia inovadora desenvolvida pela Universidade de Lleida, na Espanha, permite que pessoas tetraplégicas possam acessar o computador somente com movimentos faciais: olhos, cabeça, lábios...
Isso é possível graças à um sistema de captura de imagem através de uma câmera (webcam) sendo que qualquer modelo pode ser utilizado. A câmera faz o reconhecimento da imagem através de um sistema de calibração. Para que a imagem seja reconhecida, basta que o usuário faça alguns movimentos com a cabeça, olhos e sobrancelhas...Uma imagem que mostra o ritmo certo do piscar dos olhos ajuda na calibração.

Capturada a imagem, esta aparece no canto inferior direito da tela, limitada por um quadrado que centraliza o rosto da pessoa com um sinal em forma de cruz. A cor verde significa que já é possível navegar, através de movimentos leves da cabeça e dos olhos que direcionam o mouse.

A opção do clique pode ser feita através das configurações (clicando sobre a imagem do usuário) onde podem ser selecionadas as opções de piscar os olhos ou pelo movimento de abrir e fechar dos lábios. É possível definir ainda, a velocidade com que o mouse irá se mover, escolher uma opção para os cliques e arrastar os conteúdos selecionados pelo mouse.
Para que o reconhecimento da imagem seja facilitado é importante que a câmera esteja devidamente centralizada e que, ao fundo haja uma imagem estática (uma parede, por exemplo).

A digitação de textos também é possível de ser realizada, bastando que para isso o usuário localize nas opções de acessibilidade do seu sistema operacional o teclado virtual que, aparecendo na tela do computador, procede-se clicando sobre as letras normalmente.

Com um pouco de treino e controle motor, em pouco tempo o usuário estará interagindo com a máquina de forma autônoma e habilitado a efetuar comandos como executar programas, digitar e navegar pelas páginas.

O download do programa pode ser feito aqui

domingo, 8 de novembro de 2009

Sexismo, colonialismo e currículo

Uma garota vestida com trajes considerados impróprios. Um bando de rapazes tomados pela euforia e por instintos de selvageria. O caso da garota da Uniban repercutiu no país e fora dele. As opiniões reforçam a massiva desaprovação ao ato.

Uma pergunta que me faço como educadora é como a escola tem preparado as pessoas para lidar com questões como diferença, respeito, tolerância, cidadania, relações sociais, valores... E o currículo? Tem privilegiado o debate e o aprofundamento de tais questões? As culturas negadas estão presentes na sala de aula, ou seu silenciamento nasce e é reforçado dentro da própria escola?

O mundo feminino, a sexualidade lésbica e homossexual, as etnias minoritárias ou sem poder, o idoso, a pessoa com deficiência, o índio, o negro estão presentes no cotidiano escolar ou são visitados uma vez ao ano, em data pre-definida para serem "comemoradas"? Esses temas fazem parte do currículo efetivo da escola ou de um currículo turístico visitado esporadicamente?

E as mulheres? Que conceitos ou pré conceitos construi-se até hoje sobre elas? Como a mídia, o cinema, as revistas vêm construindo suas identidades? Continuam elas tendo focados seus valores estéticos e sendo visualizadas como objetos de desejo?

Uma atividade interessante poderia partir da análise de personagens femininos mostrados através dos meios de comunicação. Que imagem de mulher vem sendo reforçada? São estas imagens legítimas e naturais, ou frutos de uma cultura masculinizada e preconceituosa?

Esses temas precisam estar imersos no codiano da sala de aula. Não faz sentido um dia pra se "comemorar" o dia da mulher e para que estas discussões venham à tona. É necessário conduzir os alunos à um olhar mais crítico, capaz de desnaturalisar essa construção histórica que criou a mulher como um ser objetificado, consumido, exótico.

Essas "datas comemorativas" aparentemente inocentes, condensam, em sua estrutura relações de colonialismo e poder, adquirindo significados e representações muitas vezes incorretas que com o passar do tempo vão sendo cristalizadas no imaginário das pessoas produzindo efeitos danosos. Descolonizar o currículo é também torna-lo relevante à essa nova geração e aos diferentes arranjos sociais que se apresentam.

É preciso identificar com urgência, como define Tomaz Tadeu da Silva, estes alienígenas na sala de aula. E mais. Tornar suas vozes presentes. Transformar o currículo em um espaço de legitimação das diversas culturas e de desnaturalização de conceitos e ideias que falseiam ou ocultam a realidade e é no interior das salas de aula que ocorrem processos de reflexão, democratização, participação, rupturas, desmistificação ou num outro extremo: reprodução, alienação, subordinação, silenciamento, opressão, submissão, marginalidade.