Não é por acaso, que escolhi esse tema como minha primeira postagem...
Li há poucos dias um artigo intitulado"O que é normose?" E a resposta " É a doença de ser normal" Ué! Alguns podem estar se perguntando: "E ser normal é ruim?" Parece um tanto contraditório isso e é. Não fomos sempre ensinados à não fugir às regras, a nos comportarmos como a maioria, a exibir comportamentos socialmente aceitos? E com certeza não raras foram as vezes que fomos punidos por corromper tais regras.
Percebo de forma ainda mais forte e cruel essa imposição na educação das mulheres. Desde muito cedo, as meninas são ensinadas como devem ou não se comportar, quais atitudes são próprias de meninas e quais não , e aquelas que ousam fugir à regra, por sua natureza ou mesmo por uma recusa dessa imposição arcam com as consequências de um comportamente despradonizado.
Nesse tipo de educação, não há espaço para a manifestação do eu interior, para os desejos da alma, para a espontaneidade, para o imprevisto, para o original, para o natural. Todas as ações necessitam passar antes pelo crivo social que determina o que é ou não aceito por uma maioria.
É a doença que torna medíocres os seres humanos, conduzindo à uma vida sem metas, sem fulgor, sem paz, sem significado, sem vigor, sem criatividade, sem felicidade. Um normótico é o tipo engendrado pela coletividade, por ela condicionado, e dela dependente. É o tipo tido por "normal" na sociedade em que vivemos. Normótico é o mesmificado, que, sempre buscando ajustar-se ao coletivo, perde sua identidade, e faz todas as concessões aderindo à dança dos modismos que se sucedem.
Segue abaixo um trecho do artigo da jornalista Martha Medeiros do Jornal Zero Hora- Porto Alegre sobre o tema:
O sujeito "normal" é sempre magro, alegre, belo, sociável, e bem-sucedido. Quem não se "normaliza" acaba adoecendo. A angústia de não ser o que os outros esperam de nós gera bulimias, depressões, síndromes do pânico e outras manifestações de não-enquadramento.A pergunta a ser feita é: quem espera o que de nós? Quem são esses ditadores de comportamento a quem estamos outorgando tanto poder sobre nossas vidas? Eles não existem. Nenhum João, Zé ou Ana bate à sua porta exigindo que você seja assim ou assado. Quem nos exige é uma coletividade abstrata que ganha "presença" por intermédio de modelos de comportamento amplamente divulgados. Só que não existe lei que obrigue você a ser do mesmo jeito que todos, sejam lá quem forem todos.Melhor se preocupar em ser você mesmo. A normose não é brincadeira. Ela estimula a inveja, a auto-depreciação e a ânsia de querer o que não se precisa. Você precisa de quantos pares de sapato? Comparecer a quantas festas por mês? Pesar quantos quilos até o verão chegar? Não é necessário fazer curso de nada para aprender a se desapegar de exigências fictícias. Um pouco de auto-estima basta.Pense nas pessoas que você mais admira: não são as que seguem todas as regras bovinamente, e sim aquelas que desenvolveram personalidade própria e arcaram com os riscos de viver uma vida a seu modo. Criaram o seu "normal" e jogaram fora a fórmula, não patentearam, não passaram adiante. O normal de cada um tem que ser original.Não adianta querer tomar para si as ilusões e desejos dos outros. É fraude. E uma vida fraudulenta faz sofrer demais. Eu não sou filiada, seguidora, fiel, ou discípula de nenhuma religião ou crença, mas simpatizo cada vez mais com quem nos ajuda a remover obstáculos mentais e emocionais, e a viver de forma mais íntegra, simples e sincera. Por isso divulgo o alerta: a normose está doutrinando erradamente muitos homens e mulheres que poderiam se quisessem ser bem mais autênticos e felizes.
Iniciei esse texto falando da intencionalidade da escolha deste tema. A convivência diária com pessoas diferentes (chamem-os deficientes, excepcionais ou sujeitos com necessidades educativas especiais- prefiro me referir à eles apenas como diferentes) nos faz reconhecer, por uma lado, o alto preço que pagam por não se encaixarem em um padrão, numa cultura altamente homogeinizadora e preconceituosa; por outro, alegra-nos perceber o quanto são mais autênticos, mais livres e felizes. São o que são, sem máscaras, sem disfarces, sem ilusões. Vivem seus dias num eterno processo de desnormalização. Sem querer encontraram a fórmula para uma vida saudável e feliz.
Talvez tenhamos muito ainda a aprender com estes tantos diferentes que cruzam nossos caminhos, um bom começo talvez fosse aprendermos a olhá-los numa ótica que vê a diferença não como algo que inferioriza, mas apenas e tão somente como identificações subjetivas que fazem de cada ser humano pessoas únicas e especiais.
E talvez daqui pra frente (se é que você já não foi chamado um dia e talvez não tenha apreciado o adjetivo), você passe a não dar tanta importância se alguém, por acaso lhe chamar de esquisito... Você provavelmente esteja dizendo não à normose.
E viva a diferença!!!