domingo, 16 de dezembro de 2007

O que é normose?

Não é por acaso, que escolhi esse tema como minha primeira postagem...
Li há poucos dias um artigo intitulado"O que é normose?" E a resposta " É a doença de ser normal" Ué! Alguns podem estar se perguntando: "E ser normal é ruim?" Parece um tanto contraditório isso e é. Não fomos sempre ensinados à não fugir às regras, a nos comportarmos como a maioria, a exibir comportamentos socialmente aceitos? E com certeza não raras foram as vezes que fomos punidos por corromper tais regras.

Percebo de forma ainda mais forte e cruel essa imposição na educação das mulheres. Desde muito cedo, as meninas são ensinadas como devem ou não se comportar, quais atitudes são próprias de meninas e quais não , e aquelas que ousam fugir à regra, por sua natureza ou mesmo por uma recusa dessa imposição arcam com as consequências de um comportamente despradonizado.


Nesse tipo de educação, não há espaço para a manifestação do eu interior, para os desejos da alma, para a espontaneidade, para o imprevisto, para o original, para o natural. Todas as ações necessitam passar antes pelo crivo social que determina o que é ou não aceito por uma maioria.

É a doença que torna medíocres os seres humanos, conduzindo à uma vida sem metas, sem fulgor, sem paz, sem significado, sem vigor, sem criatividade, sem felicidade. Um normótico é o tipo engendrado pela coletividade, por ela condicionado, e dela dependente. É o tipo tido por "normal" na sociedade em que vivemos. Normótico é o mesmificado, que, sempre buscando ajustar-se ao coletivo, perde sua identidade, e faz todas as concessões aderindo à dança dos modismos que se sucedem.

Segue abaixo um trecho do artigo da jornalista Martha Medeiros do Jornal Zero Hora- Porto Alegre sobre o tema:

O sujeito "normal" é sempre magro, alegre, belo, sociável, e bem-sucedido. Quem não se "normaliza" acaba adoecendo. A angústia de não ser o que os outros esperam de nós gera bulimias, depressões, síndromes do pânico e outras manifestações de não-enquadramento.A pergunta a ser feita é: quem espera o que de nós? Quem são esses ditadores de comportamento a quem estamos outorgando tanto poder sobre nossas vidas? Eles não existem. Nenhum João, Zé ou Ana bate à sua porta exigindo que você seja assim ou assado. Quem nos exige é uma coletividade abstrata que ganha "presença" por intermédio de modelos de comportamento amplamente divulgados. Só que não existe lei que obrigue você a ser do mesmo jeito que todos, sejam lá quem forem todos.Melhor se preocupar em ser você mesmo. A normose não é brincadeira. Ela estimula a inveja, a auto-depreciação e a ânsia de querer o que não se precisa. Você precisa de quantos pares de sapato? Comparecer a quantas festas por mês? Pesar quantos quilos até o verão chegar? Não é necessário fazer curso de nada para aprender a se desapegar de exigências fictícias. Um pouco de auto-estima basta.Pense nas pessoas que você mais admira: não são as que seguem todas as regras bovinamente, e sim aquelas que desenvolveram personalidade própria e arcaram com os riscos de viver uma vida a seu modo. Criaram o seu "normal" e jogaram fora a fórmula, não patentearam, não passaram adiante. O normal de cada um tem que ser original.Não adianta querer tomar para si as ilusões e desejos dos outros. É fraude. E uma vida fraudulenta faz sofrer demais. Eu não sou filiada, seguidora, fiel, ou discípula de nenhuma religião ou crença, mas simpatizo cada vez mais com quem nos ajuda a remover obstáculos mentais e emocionais, e a viver de forma mais íntegra, simples e sincera. Por isso divulgo o alerta: a normose está doutrinando erradamente muitos homens e mulheres que poderiam se quisessem ser bem mais autênticos e felizes.

Iniciei esse texto falando da intencionalidade da escolha deste tem
a. A convivência diária com pessoas diferentes (chamem-os deficientes, excepcionais ou sujeitos com necessidades educativas especiais- prefiro me referir à eles apenas como diferentes) nos faz reconhecer, por uma lado, o alto preço que pagam por não se encaixarem em um padrão, numa cultura altamente homogeinizadora e preconceituosa; por outro, alegra-nos perceber o quanto são mais autênticos, mais livres e felizes. São o que são, sem máscaras, sem disfarces, sem ilusões. Vivem seus dias num eterno processo de desnormalização. Sem querer encontraram a fórmula para uma vida saudável e feliz.

Talvez tenhamos muito ainda a aprender com estes tantos diferentes que cruzam nossos caminhos, um bom começo talvez fosse aprendermos a olhá-los numa ótica que vê a diferença não como algo que inferioriza, mas apenas e tão somente como identificações subjetivas que fazem de cada ser humano pessoas únicas e especiais.

E talvez daqui pra frente (se é que você já não foi chamado um dia e talvez não tenha apreciado o adjetivo), você passe a não dar tanta importância se alguém, por acaso lhe chamar de esquisito... Você provavelmente esteja dizendo não à normose.
E viva a diferença!!!



9 comentários:

Unknown disse...

Olá Elis!!!

Parabéns pelo espaço. Sucesso!

Abraços

Marcinha Girola disse...

Eu diria provavelmente...? Não! Mas sempre, ainda não descobri porquê, estou dizendo não a essa doença chamada normose.
Uma ótima e interessante provocação.
Grande abraço.
Marcinha
http://marcinhagirola.blogspot.com

Débora Menezes disse...

Seu texto é lindo, posso reproduzir parte dele no meu blog? Merece ser lido pelo pessoal da área ambiental...
Bjs e parabéns por ter inspirado o dia de quem se permitiu a ler suas palavras!
Débora
http://educomverde.blogspot.com

Magna disse...

Olá Elis!

Pelo texto pude perceber que esse espaço vai ser bem provocativo...
Isso é muito bom, tira um pouco as pessoas do lugar. Precisamos realmente pensar mais sobre o que estamos fazendo (ou nos forçamos a fazer).
Beijos,
Magna

Elis Zampieri disse...

Queridas colegas Raquel, Marcinha,Débora e Magna... Obrigado pelas palavras e pelo carinho. Realmente é um texto provocativo, essa é uma característica que gosto de abordar em meus escritos... pra gente pensar, analisar e rever algumas coisas que muitas vezes passam desapercebidas no nosso dia a dia. Um abraço carinhoso.

Master_Editor disse...

Oi Elis!!!
Parabéns pelo novo ambiente e com admiração que vou tornâ-lo um espaço de visita periódica.
E saiba que realmente somos especiais e eles mais ainda. Sabe a quem me refiro.
Desejo sucesso a você!!!

Abraços

João Santucci
http://saladeaula.terapad.com
http://parangoleando.blogspot.com
http://geociencias.terapad.com

Anônimo disse...

Parabéns seu texto é fantástico!!!!!

Anônimo disse...

Oi Elis,
Que bela chaqualhada é esse texto!
É pra fazer pensar mesmo até que ponto somos "normais".
Lendo, me deu uma vontade maior de ser mais esquesito ainda. Não sou mesmo normal.
Sucesso pra você e um UTA fortão!

Anônimo disse...

Oi Elis! Essa ideia de recordar os primeiros posts dos amigos blogueiros me deixou super feliz. Veja como são as coisas: fui convidada pelo pessoal da ANOI (assoc. dos port. de Osteogênese imperfeita) para falar com os pais sobre inclusão na escola e amei este texto! Vou utiliza-lo ok? Com os devidos créditos, claro! Grande abraço