domingo, 20 de março de 2011

Pinóquio às Avessas


Li Pinóquio às Avessas esta semana. Recontada por Rubem Alves, a história do boneco de pau que vira menino, ganha novos contornos, e de história para crianças, passa à história pra gente grande pensar.
Nesta versão o autor aponta para o perigo que correm nossas crianças ao ingressarem em escolas que não consideram  seu potencial e suas capacidades individuais e criativas, antes tentam enquadrá-las num sistema educacional rígido, conservador, anacrônico e sufocante.
Felipe, o personagem principal da história, um menino que adora pássaros e sonha se tornar um cuidador de pássaros quando crescer, descobre, indo para a escola, que os adultos são aquilo que fazem para ganhar dinheiro. Por isso quando perguntam: o que você é, as pessoas respondem: sou médico, advogado, dentista. Felipe entende, que ser cuidador de pássaros não dá dinheiro, que isso não é uma atividade produtiva. Não se faz vestibular para ser cuidador de passarinhos.
Quando dormia, Felipe sonhava. E sonhava que  professores eram pássaros que ensinavam a voar e que cada um ensinava a voar de um jeito e que haviam vários jeitos de voar.
E assim, a narrativa vai se desenhando. E na escola, o menino vai descobrindo e aprendendo coisas. Aprendendo que há horas certas para pensar as coisas, como na TV, a gente aperta um botão e faz mudar o canal. Na escola é a campainha que faz mudar o canal do pensamento; que cada professor sabe apenas de uma coisa e que nenhum sabe o nome do pássaro azul que ele viu voando quando vinha para a escola; que a escola é uma grande corrida, onde uns ganham e outros perdem; que os conhecimentos não valem pela sua utilidade, mas porque vão cair na prova e no vestibular; e que quando se pensa sobre coisas que a gente gosta e não sobre o assunto que a professora está falando as crianças podem ser diagnosticadas com distúrbio de atenção. Distúrbio de atenção é quando a atenção está no lugar que o coração deseja e não no lugar onde o professor manda.
Ao contrário de Pinóquio, que só vira gente de verdade quando vai pra escola, o conto de Rubem Alves é apresentado assim, às avessas para provocar uma reflexão que suscite mudanças significativas em favor de uma educação verdadeira, edificante, que preserve na criança - no ser humano- a capacidade de sonhar, de criar, de tranformar, de se realizar.

6 comentários:

José Antonio Klaes Roig disse...

Oi, Elis. Interessante a tua resenha/post sobre o livro de Rubem Alves, e sendo dele, já sei que contém muitas reflexões. Assim que der, procurarei este livro também pra ler.
Ótima reflexão a tua sobre a questão do tempo e do espaço no processo de ensino-aprendizagem.
Sucesso ai, e um abraço, amiga. Zé.

Unknown disse...

Oi, Elis!
Gosto muito dessa obra; aliás da obra de Rubem Alves!
Já li este livro com as meninas do curso normal em 2009...
Depois de ler teu post, separei o livro para uma releitura... deu vontade de levá-lo às meninas mais uma vez... obrigada pela "lembrança"!!
Muito legal teus olhares sobre o texto!
Abraços!
Abraços!

Fabiana Rodrigues disse...

OLá Elis, muito interessante este livro do Rubem Alves... como sempre ele nos faz "ver" o que está ali bem na nossa frente mas com a agitação da vida atual passa despercebida!
Adorei teu blog!
Abraço

Fabiana Rodrigues disse...

Olá Elis, muito interessante este livro de Rubem Alves, como sempre ele nos faz "ver" as verdades que estão bem diante de nós mas com a agitação dos nossos dias deixamos passar despercebidas.
ADOREI teu blog, vou visitar sempre!
aBRAÇO

Anônimo disse...

Oi trata-se a 2ª vez que li a tua página e gostei imenso!Bom Projecto!
Adeus

Nelza Jaqueline disse...

Oi Elis! Conheci o teu blogue através do Aprendizagem Digital da Jenny Horta, que divulgou tua 1ª postagem. Adorei, amei este post, vou comprar o livro! Também tenho um blogue relacionado à inclusão, bem modesto: b tic-inclusao.blogspot.com.br , vou referenciar esxte teu lá.

Um grande abraço,
Jaque