quarta-feira, 16 de abril de 2008

Dia do Índio e Currículos Turísticos

A exemplo de outras datas, dia da mulher, dia do excepcional, mais uma que a meu ver deveria ser abolida por razões óbvias. Ao serem "comemoradas" essas datas reforçam quem são as minorias silenciadas na nossa sociedade. Já falei um pouco disso aqui.
A educação, enquanto processo dialógico, formativo e transformativo supõe não apenas uma reprodução do saber e da(s) cultura(s) mas também uma produção de novos saberes e de novas expressões culturais, o que significa uma educação menos reprodutiva e mais produtiva.
Mas a realidade é outra. A escola ao longo da história privilegiou os herdeiros de uma cultura dominante em detrimento de outras tantas. Isso é visível quando nos currículos comtemplamos essas datas de forma descontextualizada aos quais denominamos currículos turísticos, aquelas datas visitadas com dia e horário marcado... O índio estudado apenas no seu dia, e totalmente esquecido ao longo do ano escolar.
Uma prática que valorize as diferenças transporta para a escola os saberes do quotidiano dos diversos grupos, trabalhando-os, não de forma esporádica e fragmentada, mas contextualizada e vivenciada por processos interagidos. Um currículo multiculturalista e anti-marginalização é aquele que se propõe a trabalhar as questões de preconceito e discriminação em todos os momentos, em todas as tarefas acadêmicas.
Por conta de idéias reducionistas e generalizantes essas minorias continuam excluídas e marginalizadas, como por exemplo as que concebem índios como canibais ou infanticidas. Ora, não seria o mesmo que dizer que todos os homens brancos ateam fogo em índios ou espancam empregadas domésticas? O discurso da alteridade pode ser interessante para analisarmos a ótica das coisas...
Nem discurso progressista, nem justificado pelo viés da solidariedade, isso é apenas uma análise teórico/reflexiva que visa trazer ao debate questões muitas vezes cristalizadas no imaginário das pessoas de formas equivocadas.
É preciso trazer à tona estas questões e é no interior das salas de aula que ocorrem processos de reflexão, democratização, participação, estudo, trocas, questionamentos, rupturas, desmistificação ou num outro extremo: reprodução, alienação, silenciamento, opressão, submissão, marginalidade.

2 comentários:

Anônimo disse...

Estou aqui para recordar que amanha 18 de Abril tem a Blogagem Coletiva “O que voce faz para acabar com o analfabetismo no Brasil?”
Meire

Anônimo disse...

Olá Elisangela,

Realmente esse projeto é muito interessante, para professores que ensinam ou dominam o inglês é uma mão na roda. Fique a vontade divulgar essa matéria.

Um abraço.