quarta-feira, 11 de junho de 2008

Por uma Educação Artesanal

mulher com ferramentas se auto-esculpindoEscola, escola, escola... sou estudante, sou educadora, sou mãe...
Como educadora procuro exercer minha profissão segundo minhas convicções que insistem em não me deixar esquecer que cada criança é única e necessita ser respeitada e estimulada de acordo com o seu processo de desenvolvimento seja ele natural ou prejudicado por fatores diversos.
Como mãe sofro por perceber que alguns professores não pensam exatamente dessa forma.
Sei das dificuldades da inclusão e da luta dos pais que não se acomodam diante das adversidades encontradas ao longo do percurso.
Mas percebo que não é apenas a criança com deficiência que sofre. Sofre também a criança hiperativa, sofre a criança que é tida como imatura, sofre a criança tímida, a insegura, a que tem alguma dificuldade de aprendizagem...Enfim, sofrem todos os que de uma forma ou de outra diferem da maioria, não se encaixam na forma... porque a escola, affff!!!!! A escola ainda não consegue trabalhar com as diferenças. Será que um dia conseguirá?
O problema é que em algumas escolas (ou seria a maioria?) usa-se apenas um tipo de forma, inclusive no tamanho. Alguns ficam espremidos, apertados, sufocados, pobres coitados!!! Magrinhos, gordinhos, baixinhos ou mais altos, todos, sem excessão precisam caber nela, não existe outra opção. Escolas falidas, fadadas ao fracasso por falta de formas.
No preparo da massa, os mesmos ingredientes e nas mesmas quantidades, sempre...O ritual, repetido exaustivamente, tudo muito previsível e friamente calculado. Se ocorre um imprevisto: o dia mais quente, a massa cresce mais rápido...ou, dia mais frio e a massa demora a crescer, seja o que Deus quiser...
As vezes quando percebe-se que a massa não está a contento, pode-se repetir o processo, quantas vezes isso se fizer necessário, ainda que os procedimentos sejam exatamente os mesmos. Algumas vezes, ela não passa nos testes de qualidade e é reprovada.
Tal qual numa linha de montagem a igualdade dos objetos finais é a prova da qualidade do processo. Produção em série e controle de qualidade, são as metas desse modelo. Os produtos que não se encaixam nesse padrão são descartados ao longo do processo. Alguns são banidos logo na primeira seleção.
Os operários? Ah! não são eles os únicos responsáveis. Sobrecarga de trabalho, caixas e mais caixas de produtos empilhados (ou seria enfileirados?) na sua frente, os salários baixos muitas vezes obrigam-nos a ter que trabalhar em várias fábricas!
Enquanto isso continuamos sonhando com uma educação mais artesanal, onde cada obra, ainda que haja a intenção de torná-la igual sempre acabará ganhando um toque especial que a diferencia da original...Com o dia em que pudermos ajudar a modelar cada uma dessas esculturas que passam pelas nossas mãos e vê-las como obras únicas e especiais.
Antes talvez, o educador precise auto-esculpir-se, conscientizar-se da sua responsabilidade, refazer sua dignidade e encontrar seu valor.

5 comentários:

Lygia Prudente disse...

Como educadora, as manifestações sobre educação atraem-me, até porque são as vivências e as experiências que alicerçam o nosso conhecimento e a nossa prática. Não podia deixar passar este registro sem enaltecer a qualidade do texto e, por isso, levei-o para o meu espaço.

Elis Zampieri disse...

Obrigado Lygia! Apreciação e divulgação são muito importantes para quem escreve. Seja sempre bem vinda a este espaço! Um abraço.

José Antonio Klaes Roig disse...

Oi, Elis. Descobri teu blog por acaso, visitante o Caminhos, de minha amiga Berna Motter. Muito bom teu trabalho, e adorei essa postagem, pelo texto e imagem. Realmente o educador precisa esculpir-se diariamente, modelando sua prática de acordo com seu alundo, interagindo, motivando-os e se automotivando. Voltarei mais vezes. Parabéns, e um abraço, Zé Roig.

Valdelia disse...

Amei o texto!
Ta na hora das pessoas reciclarem seus conceitos msm amiga!
Val

tainara disse...

pra vc muita sorte bjuxxxxxx